A concepção holística do homem é aquela que concebe o ser humano como resultante da integração da mente e do corpo. Esses, que usualmente chamamos e tratamos separadamente, formam, na verdade, uma unidade inseparável. A partir dessa visão, emoções e sentimentos positivos e negativos e tudo mais que vivenciamos na mente ficariam necessariamente registrados no corpo, podendo alterá-lo bioquímica e fisicamente. Assim, o nosso cérebro pode ser formatado fisiologicamente, tanto pela alegria quanto pelos traumas, o que irá afetar, por sua vez, o processamento mental, ou seja, a forma do seu funcionamento. Desse modo, em um ciclo vicioso, a mente e o corpo se afetam mutuamente. Inclusive, é fácil perceber a influência das emoções no corpo físico no cotidiano. Quando ficamos irritados, tensos, assustados ou com medo, é comum percebermos, em seguida, alguns sintomas físicos, como diarréia, dores musculares, cansaço, fraqueza ou dor de cabeça.
Desde muito tempo, estudiosos vêm apontando que a estrutura emocional das pessoas depende fortemente de como foram as relações na primeira infância com os pais, familiares e todas as pessoas de forma significativa. A partir disso, pode-se concluir que o sofrimento emocional e corporal pode estar relacionado com a falta de relações humanas de boa qualidade afetiva que colaborem com o fortalecimento da personalidade sadia. Se ao longo da vida, por qualquer motivo, a pessoa teve predominantemente relações humanas difíceis e pouco fortalecedoras e sentimentos negativos, como raiva, tristeza e medo, isso poderá se acumular e, possivelmente, o corpo irá desenvolver doenças resultantes do enfraquecimento holístico. Esses sentimentos negativos, quando não são expressos, muitas vezes em função de normas sociais, e não são tratados apropriadamente, são represados e a energia retida pode se transformar em qualquer forma de sofrimento emocional e/ou corporal.
Qualquer tipo de sofrimento emocional pode se manifestar de forma física no corpo da pessoa. Por exemplo, o indivíduo que retém e omite tristezas poderá acumular esses sentimentos em alguma forma de energia negativa e seu corpo poderá ser afetado, uma vez que mente e corpo formam uma unidade inseparável. O corpo, no seu formato bioquímico, poderá ser alterado ou moldado por sentimentos negativos e consequentemente portas para doenças corporais poderão se abrir, incluindo as psiquiátricas, como a depressão. A observação clínica costuma indicar que pessoas deprimidas, geralmente, têm um quadro de emoções e sentimentos acumulados, guardados e não trabalhados ou tratados e que, muitas vezes, elas também sofrem cronicamente de uma variada gama de doenças que nem sempre são diagnosticadas de forma clara.
A boa notícia é que um processo reverso ao do adoecimento e, portanto, de recuperação ou até de cura emocional e física no corpo, também é possível. Assim, uma pessoa com depressão e doenças físicas relacionadas, por exemplo, que, através da psicoterapia, trata sua mente, trabalhando as emoções e sentimentos para dar-lhes vazão e significados e ainda buscando sentido para a vida, poderá recuperar a saúde como um todo, pois, conforme a concepção holística, mente e corpo se integram e se acompanham também no caminhar para um quadro mais saudável de vida. Dessa forma, a psicoterapia pode ajudar em muito as pessoas com doenças corporais, pois, na medida em que também tratam a mente e, consequentemente, as emoções, os sentimentos e os comportamentos, estarão tratando a sua pessoa como um todo e aumentando as possibilidades de saúde e felicidade.
La psicología es la ciencia que tiene entre sus objetivos estudiar y comprender la formación y el desarrollo emocional y de comportamiento del ser humano. A partir del nacimiento o aún antes, el ser humano comienza a desarrollar una estructura emocional y conductual que llamamos personalidad. Esta estructura se desarrolla a partir de la interacción de la mente con el cuerpo y el ambiente. La mente trabaja de forma dinámica en sincronía con todos los estímulos internos y externos, realizando en cada momento una evaluación de la situación y en consecuencia produciendo emociones, sentimientos y conductas.
Obviamente, en los fenómenos de la nutrición, están los primeros y más significativos estímulos que el ser humano experimenta, tanto internamente cuanto externamente. Así, la alimentación se relaciona fuertemente con las emociones, sentimientos, comportamientos e, inevitablemente, con la personalidad que comienza a tomar forma. Además, la alimentación del recién nacido está siempre relacionada al contacto con otro ser humano. De esta forma, en el contacto conjunto con los alimentos y con otro ser humano, el niño experimenta una amplia gama de sentimientos y emociones positivas como: el placer del gusto, el cariño, confort, protección, amor, o sentimientos negativos como: el hambre no saciada, la irritación, la inseguridad, el descontrol, el miedo y algunas insuficiencias. Los fenómenos de la alimentación participan, así, en la estructuración de la personalidad que se forma desde la más tierna edad. Todavía podemos decir que el entrelazamiento de la alimentación con la personalidad continua por toda la vida. Las familias tienen formas variadas de conjugar la alimentación con diversas situaciones como: conmemoraciones, reuniones, premiaciones, obligaciones, puniciones, compensaciones, etc. Es evidente entonces que la alimentación está íntimamente ligada a la formación y manutención de la personalidad.
Cada vez más, las personas y los gobiernos se preocupan con el control del peso como un factor importante en la salud y, además, hay una fuerte exigencia social por la apariencia delgada. Muchas providencias se toman, tanto por los individuos como por los gobiernos en ese sentido. Sin embargo, típicamente, estas medidas centran los esfuerzos en los aspectos médicos y farmacológicos, en las dietas y ejercicios físicos. Parece que la personalidad del individuo no está muy bien considerada en la lucha por el control del peso, y siendo ella el modelo base de la conducta humana, hace falta tenerla en cuenta como parte esencial del problema de control del peso. Siendo así, entiendo que, juntamente con los profesionales médicos, nutricionistas y educadores físicos, los psicólogos tienen mucho que contribuir trabajando en la personalidad de los individuos, para ayudarles a formar nuevos comportamientos que favorezcan el control del peso.
La alimentación del ser humano es mucho más que un proceso natural de nutrición fisiológica. Ella está en la base de la estructura de la personalidad fundida con las emociones y sentimientos positivos e negativos de amplio espectro. Por lo tanto, el problema del control del peso en niños, adolescentes y adultos necesita considerar aspectos que van más allá de la nutrición, porque lo que está en juego es el ser humano en su totalidad, incluyendo sus emociones, sentimientos, comportamientos, y por tanto su personalidad. De este modo, la psicología a través de la psicoterapia, debe tener un papel importante en el trabajo profesional del control del peso, tanto por razones de salud como por razones estéticas.
* Traducido por Ricardo Alfredo Ruiz Sifontes – El Salvador
A relação do homem com o sofrimento ou com a possibilidade de sofrer é uma constante tão significativa que começa mesmo antes do seu nascimento e o acompanha como um companheiro fiel até o suspiro final, se não for além. As filosofias são conjuntos de idéias que procuram entender e explicar a realidade e, dentre elas, algumas filosofias se preocupam mais com a importância do sofrimento humano. A filosofia Humanista-Existencial tem a concepção de que o homem está destinado a sofrer a partir da sua condição frágil e mortal. Essa filosofia entende que o homem é essencialmente livre e responsável pelas suas escolhas, então, a consciência de sua finitude e da responsabilidade por sua formação gera angústia no homem. Dessa forma, a angústia está na base estrutural de nossos sentimentos e não há como eliminá-la de nossas vidas.
Cada homem, a sua própria maneira, e a humanidade como um todo desenvolve formas de conceber a si próprio, os outros, a vida e a realidade. Para enfrentar o sofrimento, essa companhia ou perseguição constante mais que desagradável, concepções são formuladas. O homem desenvolve a fé e fórmulas diversas para suportar o sofrimento como crenças no sobrenatural, práticas espirituais e religiões. Além disso, entre outras fórmulas, incluí-se a de ganhar poder e dominação sobre os outros homens, acumular riquezas e esquecer ou aliviar o sofrimento ocupando-se de todo tipo de atividade que gere alienação e anestesia mental. Inclusive, as drogas lícitas e ilícitas e o fanatismo por qualquer coisa têm também essa função. Ainda, entre as fórmulas para aceitar e adaptar melhor a uma dada realidade estão as tentativas de recondicionar a mente humana através de treinamentos, incluindo os terapêuticos, e as drogas medicamentosas. Contudo, parece que essas fórmulas acabam não funcionando bem ou não eliminando o sofrimento por completo.
Por outro lado, a citada filosofia Humanista-Existencial entende que cada homem só realmente supera o sofrimento que lhe é inerente quando assume a responsabilidade de fazer escolhas condizentes com a intimidade de seu ser. Para tanto, naturalmente, ele precisa antes de tudo conhecer a própria intimidade. Todo homem só pode encontrar sentido na vida para si mesmo quando busca e desenvolve critérios e valores próprios em máxima liberdade. Esses critérios e valores, então, só têm força para fazer frente aos sofrimentos que a vida trás quando são desenvolvidos no íntimo individual de cada ser humano.
A Abordagem Centrada na Pessoa, que é uma corrente de pensamento psicológico desenvolvida a partir dos trabalhos do psicólogo americano Carl R. Rogers, comunga muitos preceitos com filosofia Humanista-Existencial. Essa abordagem abriga um modo de psicoterapia em que o papel do psicoterapeuta é ajudar seu cliente a desenvolver por si e para si mesmo critérios e valores. Dessa forma, ele poderá desenvolver significados e sentido para a vida e, consequentemente, alívio para o sofrimento. Sendo assim, o papel do psicoterapeuta não poderia ser o de aconselhar, indicando as razões ou meios de resolver problemas. Seu papel deve ser, então, o de ajudar o cliente a entrar em contato consigo mesmo, com a sua intimidade. Isso é feito na medida em que o psicoterapeuta oferece um clima de aceitação e compreensão com o mínimo de influência externa ao cliente, que é favorecido para desenvolver critérios e valores próprios para se responsabilizar por si e, consequentemente, encontrar sentido e suporte frente ao sofrimento.
A Psicoterapia Centrada na Pessoa indica que a qualidade da relação entre psicoterapeuta e cliente é fundamental para a criação de um ambiente favorável e confiável que permita que o cliente se revele e se descubra. A percepção do cliente da capacidade e qualidade da aceitação e compreensão do psicoterapeuta em relação ao que ele revela indica até que grau de profundidade ele pode se revelar. Quanto mais profundas forem as revelações do cliente ao psicoterapeuta, mais ele descobrirá sobre si mesmo. As descobertas através dessas revelações formam uma nova autoavaliação no cliente, uma nova base de partida para conceber a si próprio no mundo com os outros. Então, a partir dessa nova base, mudanças emocionais e comportamentais são consequências naturais. Por fim, o cliente poderá construir uma resistência ou resiliência para enfrentar os sofrimentos inerentes à vida.
Existe hoje uma tendência para uma concepção holística do homem, o que significa uma visão do homem como sendo a somatória do corpo e da mente. A partir dessa visão, os traumas emocionais que sofremos ficariam registrados em nosso corpo, alterando-o bioquimicamente e fisicamente. Assim, o nosso cérebro pode ser também alterado por esses traumas, e consequentemente, as formas, maneiras, métodos de processar ou funcionar, o que podemos chamar de mente, podem ser influenciados e também alterados. É fácil perceber a transformação das emoções em sintomas físicos no cotidiano. É comum que quando ficamos irritados ou tensos ou amedrontados ou assustados, logo depois percebermos alguns sintomas físicos como diarréia, dores musculares, cansaço ou fraqueza e dor de cabeça.
Desde muito tempo, estudiosos vêm apontando que a estrutura emocional das pessoas depende fortemente de como foram as relações na primeira infância com os pais, familiares, e com todas as pessoas de forma significativa. Daí pode-se concluir que o sofrimento emocional e corporal pode estar relacionado com a falta de relações humanas de boa qualidade afetiva que colaborem com o fortalecimento da personalidade sadia. Se por qualquer motivo a pessoa teve ao longo da vida e predominantemente relações humanas difíceis e pouco fortalecedoras, sentimentos negativos como raiva, tristeza e medo poderão se acumular e possivelmente o corpo irá desenvolver doenças como resultante do enfraquecimento holístico. Esses sentimentos negativos quando não são expressos, muitas vezes em função das normas sociais, e não são tratados apropriadamente, são então represados e a energia retida pode transformar em qualquer forma de sofrimento emocional ou e corporal.
Assim, qualquer tipo de sofrimento emocional e corporal poderá se instalar na pessoa incluindo a depressão. Mesmo a pessoa que, por exemplo, extravase a irritabilidade e a raiva, se ela retém e omite tristeza, essa tristeza irá acumular sua energia. Então, a mente e o corpo e serão simultaneamente afetados negativamente, uma vez que eles fazem uma unidade que não se separam. Dessa forma o corpo biológico poderá ser alterado ou moldado pela depressão e as portas abertas para as doenças psiquiátricas e corporais. A observação clínica costuma indicar que pessoas deprimidas geralmente têm um quadro de emoções e sentimentos acumulados, guardados e não trabalhados ou tratados e, que muitas vezes, essas pessoas também sofrem cronicamente de variada gama de doenças que nem sempre são claramente diagnosticadas.
A boa notícia é que um processo reverso ao do adoecimento e, portanto de cura emocional com alteração e também cura no campo físico também é possível. Assim, por exemplo, uma pessoa com depressão e com doenças físicas relacionadas, que se tratando terapeuticamente para dissolver emoções e sentimentos reprimidos, poderá cura-se como um todo, pois e conforme a concepção holística, mente e corpo se integram e se acompanham no caminhar para um quadro mais saudável de vida.
É muito comum confundirmos a idéia do amigo com a do psicoterapeuta. Geralmente, consideramos como amigos verdadeiros aquelas poucas pessoas com quem podemos compartilhar as alegrias, mas também os problemas, as dúvidas e as dificuldades. Além disso, o que difere os amigos de simples colegas e conhecidos é que com estes últimos não nos sentimos seguros para compartilhar questões mais difíceis e delicadas. Em contrapartida, esperamos que os amigos sejam solidários conosco, nos apoiado em nossas fraquezas e medos. Esperamos também que ao expormos nossos pontos fracos ou erros, eles não fiquem contra nós, falem mal, debochem ou se aproveitem da situação para tirar vantagens sobre nós. Por outro lado, não é difícil constatar que muitas pessoas têm uma perspectiva semelhante a essa idéia mencionada do amigo ao se tratar da figura do psicoterapeuta. Muitos entendem que o psicoterapeuta é basicamente aquela pessoa com quem podemos falar sobre tudo sem medo ou vergonha, ou seja, como com um amigo, e é sobre essa comparação que discutirei.
É bem verdade que entre a figura do amigo e do psicoterapeuta há semelhanças, mas também há diferenças. Em primeiro lugar, com o amigo podemos falar tudo, menos aquilo que pode abalar a nossa relação de amizade. A amizade em si não deixa de ser também uma relação de trocas, onde se compartilham mutuamente solidariedade, apoio, respeito e carinho. Então, se eventualmente um dos amigos não corresponde conforme esperado, a amizade pode ser rompida. Assim, há limitações nessa relação e o apoio dos amigos não é incondicional. Outra característica relevante é que o amigo tende a responder às nossas questões, mesmo no melhor das intenções, com conselhos, conforme sua experiência de vida e suas convicções. Já na relação com o psicoterapeuta, o cliente também pode falar de tudo, mas pode incluir aspectos que dificultam a relação com qualquer pessoa, incluindo desafetos com o próprio psicoterapeuta. Nesse caso, a base da relação é profissional e trocas afetivas podem ser aceitas, mas não são necessárias para a manutenção da relação psicoterápica. Outro aspecto que também é diferente é que as respostas do psicoterapeuta às questões do cliente não são ou não devem ser baseadas na experiência pessoal ou em convicções particulares do profissional. De acordo com a abordagem em que fundamento meu trabalho, a Psicoterapia Centrada na Pessoa, uma das modalidades das teorias humanistas, todas as respostas se encontram no próprio cliente e o trabalho do psicoterapeuta é ajudá-lo a encontrar nele mesmo todas essas respostas. Conforme nossa teoria, no decorrer da vida, as pessoas acabam perdendo contato com sua experiência e com seus sentimentos, abrindo mão destes para serem aceitas na convivência social e, assim, acabam ficando desorientadas e neuróticas. Assim sendo, o papel do psicoterapeuta é ajudá-las a entrar em contato com experiências e sentimentos autênticos e, a partir daí, auxiliar na aceitação e compreensão destes de forma a descobrir maneiras de utilizá-los como recursos para produzir melhores respostas e dar soluções.
Concluo, então, que apesar do amigo poder ajudar muito pela companhia e solidariedade, não faz o papel e a função de um psicoterapeuta e que o psicoterapeuta pode ser amigo, mas não ocupa o lugar do relacionamento mutuamente compartilhado do amigo. Devemos esperar amizade verdadeira do amigo, enquanto que do psicoterapeuta devemos esperar um relacionamento que proporcione as melhores condições para explorar e compreender nosso ser de modo a melhorar nossa vida, ou seja, devemos esperar uma relação condizente com a psicoterapia profissional.
A psicologia é a ciência que tem entre seus objetivos estudar e compreender a formação e o desenvolvimento emocional e comportamental do ser humano. A partir do nascimento ou até mesmo antes, o ser humano começa a desenvolver uma estrutura emocional e comportamental que podemos chamar de personalidade. Essa estrutura desenvolve-se a partir da interação da mente humana com o próprio corpo e com o ambiente. A mente funciona de forma dinâmica, em sincronia com todos os estímulos internos e externos, elaborando a cada momento um estado avaliativo situacional e, consequentemente, emoções, sentimentos e comportamentos são engendrados.
Obviamente, os fenômenos da alimentação estão entre os primeiros e mais significativos estímulos que o ser humano experimenta, tanto internamente quanto externamente. Assim, a alimentação se relaciona fortemente com emoções, sentimentos, comportamentos e, inevitavelmente, com a personalidade que começa ser moldada. Além disso, a alimentação do recém-nascido está sempre relacionada ao contato com outro ser humano. Dessa forma, no contato conjunto com a alimentação e com outro ser humano, o recém-nascido experimenta uma vasta gama de sensações e emoções positivas, como prazer degustativo, carinho, conforto, proteção, amor, ou sensações negativas, como fome não saciada, irritação, insegurança, descontrole, medo, insuficiência. Os fenômenos da alimentação participam, assim, da estruturação da personalidade que se forma desde a mais tenra idade. Podemos ainda dizer que o atrelamento da alimentação com a personalidade continua por toda a vida. As famílias têm formas variadas de conjugar a alimentação com diversas situações, como comemorações, reuniões, premiações, obrigações, punições, compensações, etc. Fica evidente, então, que a alimentação está intimamente ligada à formação e manutenção da personalidade.
Cada vez mais, indivíduos e governantes se preocupam com o controle de peso como fator preponderante na saúde e, além disso, existe uma forte cobrança social pela magreza como padrão de beleza. Muitas providências são tomadas, tanto pelos governantes quanto pelos os indivíduos, nesse sentido. No entanto, tipicamente, essas providências concentram esforços nos aspectos médicos e farmacológicos, nas dietas alimentares e nas atividades de exercícios físicos. Parece que a personalidade do individuo não é muito considerada no esforço do controle de peso e, sendo ela o modelo base de comportamento humano, fica faltado considerar parte essencial do problema de controle de peso. Assim sendo, entendo que, juntamente com profissionais médicos, nutricionistas e da educação física, os psicólogos têm muito a contribuir trabalhando a personalidade dos indivíduos no sentido de moldar novos comportamentos que favoreçam o controle de peso.
A alimentação para o ser humano é muito mais que um processo natural de nutrição fisiológica. Ela está na base da estrutura da personalidade fundida com emoções e sentimentos positivos e negativos de amplo espectro. Assim, a problemática do controle de peso em crianças, adolescentes e adultos precisa considerar aspectos que vão além dos nutricionais, pois o que está em questão é também o ser humano na sua totalidade, incluindo suas emoções, sentimentos, comportamentos e, portanto, sua personalidade. Deste modo, a psicologia, através da psicoterapia, deve ter um papel importante nos trabalhos profissionais para o controle de peso, tanto por razões de saúde quanto por motivos estéticos.
Como postulam muitos autores e profissionais, a prevenção é sempre a melhor forma de tratamento para qualquer distúrbio ou doença, sempre que possível. A prevenção é, na verdade, um tipo de tratamento feito antes que o distúrbio ou doença ocorra. Ela deve ser feita toda vez que houver indícios claros de que um distúrbio ou doença poderá se desenvolver no futuro.
No caso da depressão, a prevenção psicoterápica é aquilo que pode ser feito para o fortalecimento emocional e o alcance de condições saudáveis, de modo a diminuir e, se possível, evitar as possibilidades da depressão se estabelecer. Estudiosos aconselham atitudes e regras simples para a prevenção como: permitir-se fazer coisas para sentir-se bem, manter a auto-estima elevada, colocar limites em todos os aspectos, estimular as qualidades e os pontos fortes individuais, procurar hábitos de vida mais saudáveis e manter boas inter-relações pessoais. O psicólogo José Augusto de Mendonça, em uma palestra em Belo Horizonte no ano de 2006, demonstrou uma escala de prioridades para a prevenção em formato de escada, conforme mostrado abaixo. Quanto mais alto for o degrau alcançado, mais itens de prevenção serão cumpridos e mais protegida estará a pessoa.
Em contrapartida, estudos indicam que sintomas de ansiedade generalizada podem anteceder a depressão até em 10 anos. Inclusive, pode-se considerar que crianças com sintomas de ansiedade poderão se transformar em adultos potencialmente depressivos. Assim, a prevenção da depressão já pode ser feita por meio de psicoterapia assim que sintomas de ansiedade forem identificados.
A psicoterapia é o tratamento mais indicando, porque a ansiedade em estágio inicial é muito mais uma consequência do aprendizado proveniente das interações familiares e sociais do que uma consequência de alterações orgânicas e bioquímicas, que futuramente até poderão surgir como resultantes. Dessa forma, a prevenção da depressão pode ser feita efetivamente ajudando ansiosos a apreender formas mais saudáveis de se relacionar consigo mesmo e com os outros.
Cada vez mais, notícias sobre o crescimento explosivo da depressão no mundo são publicadas em jornais e outros meios de comunicação. Inclusive, a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, até 2020, a depressão se transforme na segunda maior causa de incapacitação da população mundial, perdendo somente para as doenças cardiovasculares. Estudiosos assinalam como causas para o aumento exacerbado da depressão no mundo, fatores econômicos, sociais e psicológicos, como: crescimento das exigências no mercado de trabalho, crescimento da solidão e do isolamento e diminuição do contato humano, diminuição das fontes de prazer, excesso de trabalho e obrigações, diminuição da espiritualidade ou religiosidade como fonte de apoio.
No mesmo sentido, esses estudiosos assinalam que o aumento do trabalho e obrigações contribuiu para que as mulheres sofram mais desse distúrbio do que os homens. Isto se explica porque à medida que elas avançam profissionalmente, deixam os cuidados familiares em defasagem, influenciando seu estado emocional e psicológico. Para as mulheres existe uma exigência pessoal maior relacionada ao casamento e aos filhos e, muitas vezes, elas acabam abdicando de formar uma família ou não se dedicam o suficiente a ela, gerando frustrações muito grandes e, possivelmente, a depressão.
Outro fator apontado como causador do aumento da depressão é o aumento da competitividade no mundo. Aliado a isto, existe a disseminação da crença de que, em todas as competições, somente o primeiro lugar é satisfatório. Como só existe um primeiro lugar, muitas pessoas, apesar de serem bastante competentes e esforçadas, não conseguem essa posição, e acabam se sentindo frustradas e deprimidas. Para piorar a situação, as pessoas estão cada vez menos resistentes as frustrações do cotidiano.
A falta de esperança em um futuro melhor, que podemos chamar de desesperança, é também um dos maiores fatores de disseminação da depressão e um dos principais obstáculos para a recuperação. A desesperança gera uma visão de futuro longínqua, pouco clara, desmotivante ou com requisitos superiores às possibilidades do deprimido. As expectativas negativas em relação ao futuro contribuem para a continuidade e manutenção do humor deprimido nas pessoas.
Considerando que os fatores responsáveis pelo aumento da depressão apontados são essencialmente de fundo econômico, social e psicológico, podemos concluir que são nessas áreas que devemos investir para combater esse fenômeno de forma eficaz. Acredito que, apesar da importância da inovação tecnológica para o tratamento nas áreas da fisiologia e biologia humana, investindo somente nessas áreas não seremos capazes de reverter o quadro de aumento de depressão, uma vez que a origem deste aumento vem de outros campos da vida humana. Portanto, convido a todos a se reinventarem, reinventando nosso mundo econômico, social e psicológico. Só assim, nossa vida mental será mais saudável e consequentemente nosso viver mais agradável e prazeroso. E, para tanto, nós psicoterapeutas podemos dar a nossa contribuição.
A palavra psicoterapias é usada no plural porque não há apenas um, mas vários tipos de psicoterapia. Talvez possamos dizer que foi a psicanálise, criada por Freud, a primeira modalidade sistematizada da prática de psicoterapia. A psicanálise concebe a vida psíquica como uma evolução incessante de forças elementares, antagônicas, compostas ou resultantes de forma dinâmica. Assim, deve-se considerar que essas forças são investimentos energéticos que se deslocam, de certa forma, com atuações específicas e estruturam os três sistemas que Freud denominou e dividiu topograficamente em Inconsciente, Pré-consciente e Consciente. Com as lentes da psicanálise, as doenças mentais seriam então, pelo menos em parte, resultantes de conflitos de forças psíquicas inconscientes, camufladas e não resolvidas.
Evidentemente, nunca se localizou espacialmente, em termos biológicos, essas forças e as estruturas da teoria de Freud. Entretanto, Freud, ao formular sua teoria sem paralelo no campo físico, conseguiu quebrar o paradigma do atrelamento obrigatório aos fenômenos físicos, observáveis por qualquer um, para se fazer ciência e, assim, abriu a perspectiva de elaboração de um sem número de teorias para a compreensão da subjetividade e dos comportamentos do homem. Essas teorias e consequentes formas de psicoterapias foram e continuam sendo desenvolvidas na tentativa de entender a subjetividade humana e tratar os sofrimentos provocados por ela.
Somente no século XIX as psicoterapias começaram a ser utilizadas como forma de tratamento para o sofrimento mental. No início, as psicoterapias eram utilizadas exclusivamente por médicos, como uma arte da medicina, e isso continuou mesmo depois que outros profissionais passaram a praticá-las. Muitas palavras da terminologia médica foram mantidas, como: doença, paciente e diagnóstico, entre outras. Entretanto, essa terminologia médica, atualmente, não é a mais apropriada para as psicoterapias, uma vez que elas possuem um tipo de relação muito diferente da tradicional relação médico-paciente.
O que chamamos de tratamento psicológico ou de psicoterapia é, na verdade, uma extensa quantidade de modelos diferenciados de psicoterapias. A literatura indica que existe mais de 400 tipos ou modelos diferentes de psicoterapias e, podemos classificar as principais variações das teorias e escolas psicanalíticas, comportamentais, cognitivas, humanistas e existenciais. Essas variedades de escolas e modelos são desdobramentos das filosofias com visões de homem diferentes que abrangem desde a idéia que o homem tem, pelo menos em potencial, capacidade de auto desenvolvimento no sentido da prosperidade e felicidade; que precisa ser cientificamente dirigido e corrigido, pois é passivo de adquirir comportamentos desadaptativo e é vulnerável interpretações errôneas da realidade; e dada a sua natureza selvagem e a dinâmica do inconsciente precisa ser civilizado pela imposição da educação e tratado nas vulnerabilidades inconscientes. Muitos desses modelos se organizam em sociedades científicas. Essas sociedades, geralmente, promovem encontros, congressos e cursos de formação, entre outras atividades que visam promover e divulgar seus modelos. Apesar das grandes divergências entre os modelos de psicoterapias, existe uma base comum ao fazermos uma comparação com o tratamento médico da psiquiátrica. Enquanto que a psiquiátrica tem como base o entendimento que a causa do sofrimento mental e da alteração no comportamento são doenças ou distúrbios de fundo principalmente biológico e físico, as psicoterapias têm como base comum o entendimento que sofrimento mental e alterações comportamentais são resultantes de traumas vivenciais, condicionamentos inapropriados, limitada ou disfuncional compreensão da realidade, problemas nas inter-relações humanas e sociais, entre outros. Outra base comum é que todas as psicoterapias trabalham utilizando a comunicação como ferramenta básica para o tratamento. Assim, enquanto a psiquiátrica procura atuar principalmente no biológico e no físico, através de drogas ou outros meios, as psicoterapias procuram meios de reduzir ou extinguir as seqüelas dos traumas, como descondicionar e recondicionar o individuo e ajudá-lo a interpretar a realidade de forma mais funcional, resolver seus problemas de relacionamento com pessoas, se posicionar melhor frente às questões sociais, entre outros meios semelhantes para promover a saúde mental. Assim e apesar das variedades e de divergências, a principal ferramenta de trabalho das psicoterapias e o que todas elas tem mais em comum é a comunicação e, para tanto, usam de escuta, diálogo, hipnose, representação de vivências, entre outros meios de comunicação, para conduzir o tratamento.
Para entendermos melhor o conceito do Transtorno de Humor Bipolar, precisamos esclarecer alguns conceitos sobre saúde mental ligados a esse tema. “Transtorno” é o termo mais utilizado quando há alteração com anormalidade que não pode ser clara e totalmente explicada do ponto de vista biológico. Já “humor” é o estado de sentimentos ou afeições que uma pessoa mantém por algum tempo. “Episódio”, por sua vez, é um período de tempo no qual a pessoa sofre uma alteração no seu estado normal que depois volta à normalidade ou passa para outro episódio anormal diferente do anterior. O termo “mania” se caracteriza pelo aumento de energia e atividade, levando o indivíduo a superestimar sua capacidade geral (perceptual, cognitiva, motora), colocando-o, assim, em situações de risco com perdas eventuais pelo aumento da ousadia em suas ações e atitudes. “Hipomania” possui as mesmas características qualitativas do estado maníaco, mas em menor grau e afetando em menor escala o comportamento do indivíduo. Por fim, “depressão” é o transtorno mental capaz de prejudicar o humor das pessoas de forma negativa e provocar sintomas e comportamentos variados que prejudicam a qualidade de vida, uma vez que dificulta a manutenção de um estilo de vida normal e satisfatório. A figura abaixo, que podemos chamar de Pêndulo do humor, procura demonstrar que nos transtornos bipolares é possível haver variações de humor que podem levar, mas não necessariamente, da mania grave até a depressão grave.
Assim transtorno é caracterizado pela presença de pelo menos um episódio de mania ou hipomania e pelo menos um de depressão. A principal característica do Transtorno Bipolar é a mudança do estado de humor de depressivo para maníaco ou hipomaníaco e vice-versa, podendo ainda passar por um estado intermediário de normalidade.
Alguns exemplos de mudança para comportamentos maníacos, ou seja, situações em que o indivíduo sente-se autoconfiante e seguro de si em demasia, são: dirigir veículos imprudentemente, fazer farras e bebedeiras, participar de jogos e aventuras sexuais, tomar decisões demasiado arriscadas nos negócios e na profissão, além de se endividar e comprar compulsivamente. No caso de episódio de mania mais grave pode haver delírios psicóticos, em que a pessoa chega a perder o senso da realidade, tendo visões ou percepções alucinatórias. Muitas vezes, a pessoa que possui o Transtorno Bipolar passa por longos períodos de humor normal intercalados por depressões e manias. E é importante ressaltar que para que haja o diagnóstico de Transtorno Bipolar é condição necessária que, juntamente com um ou mais episódios de depressão, haja pelo menos um episódio de mania ou hipomania.