Depressão: estado normal ou patológico?
Nos dias de hoje tem sido cada vez mais comum ouvirmos falar de depressão ou de pessoas deprimidas. Mas o que é exatamente isso, do que se está falando quando se fala de depressão? Nossa resposta é: trata-se de um tipo de distúrbio mental ou transtorno capaz de prejudicar o humor das pessoas, provocando um sentimento de tristeza constante, acentuada, inadequada e prejudicando o modo de viver normal da pessoa. A depressão difere da tristeza comum e normal, resultante e explicada por frustrações e perdas, por ser um sentimento de desânimo devastador, debilitante e duradouro, que é capaz de interferir na vida das pessoas, prejudicado-as nas relações familiares, no trabalho e nas relações sociais.
Todas as pessoas passam, normalmente e por razões diversas, por sentimentos de tristeza, que geralmente desaparecem com o tempo e sem nenhum tratamento especial. E mesmo durante esse período, em que as pessoas estão tristes, elas são capazes de continuar com as suas atividades cotidianas. Já no caso da depressão, a pessoa acometida terá a sua capacidade de pensar e agir prejudicada e, conseqüentemente, também as suas atividades cotidianas; além disso, a depressão não desaparecerá facilmente sem tratamento.
É completamente normal, o humor das pessoas variar de bom para mal e vice-versa de forma reativa a interpretação subjetiva dos acontecimentos da vida real ou vivenciando a própria subjetividade. Assim, ficamos normalmente mais alegres quando, por exemplo, o nosso time de futebol ganha ou mais triste (deprimido) quando perde. E a mesma variação emocional pode ocorrer quando recordamos lembranças agradáveis ou desagradáveis. Entretanto, com aquele que está clinicamente deprimido não há variação de humor, pois esse indivíduo não reage aos fatos reais e subjetivos da vida; ao contrario, ele se encontra fixado na fase de humor deprimido. Além disso, o transtorno da depressão pode esvaziar a autoconfiança, destruir o poder de decisão do indivíduo e desequilibrar seu sono, tornando-o irritável e mal humorado; pode ainda, incapacitá-lo para sentir prazer em viver. Assim, a depressão pode ser um estado normal ou patológico. A depressão normal, que todos têm um dia na vida, é uma tristeza grande causada por uma perda (de um ente querido, de trabalho), ou por uma grande frustração que pode ter como causa uma vasta gama de fatores. A depressão passa a ser patológica quando ela se estende por muito tempo ou é profunda demais, de forma a paralisar a pessoa e ela se torna um transtorno mental quando o individuo não consegue superá-la, experimentando prejuízos em muitas áreas da sua vida.
Apesar desses sintomas “evidentes”, a depressão muitas vezes pode surgir de forma mascarada e tirar a energia da pessoa disfarçadamente. É o caso, por exemplo, de muitas mulheres que apresentam dor de cabeça crônica podem ter este sintoma como uma máscara da depressão. Inclusive a distimia, que é a depressão leve, mas crônica, pode fazer o sujeito parecer apenas uma pessoa muito crítica e mal humorada ou com sentimento de culpa.
A depressão é tida como um distúrbio complicado porque pode afetar negativamente muitos aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode afetar a saúde física – incluindo o padrão de sono, o desejo sexual e o apetite – e pode afetar também a motivação, a atenção, os relacionamentos e a produtividade no trabalho; tudo isso junto acaba tendo um efeito negativo na vida das pessoas e, de forma generalizada. A depressão pode fazer a vida parecer sem graça e problemática. Indivíduos sofrendo de depressão freqüentemente sentem-se abandonados e sem esperanças de melhoras para a sua situação. O fato de a depressão poder afetar negativamente muitos aspectos da vida das pessoas; faz com que encontremos pessoas afetadas, diferentemente, pela depressão. Essa característica é um grande complicador para o diagnóstico, uma vez que não existe um padrão do transtorno, no caso, na forma de afetar a vida das pessoas, que sirva de referência. Outro fator complicador para o diagnóstico é o fato de a depressão muitas vezes coexistir com outros problemas médicos e/ou psicológicos. Assim, a depressão poder ficar como sobra de algum outro problema e não ser identificada, afetando negativamente o quadro.