É cada vez mais comum a divulgação de informações na mídia alertando para o crescimento da depressão em todo o mundo. A depressão pode ser entendida como um tipo de distúrbio mental ou transtorno capaz de prejudicar o humor das pessoas, provocando sentimento de tristeza constante, acentuada e inadequada, e prejudicando o modo normal de viver (disfuncional) das pessoas. Segundo a American Medical Association, a depressão difere da tristeza comum e normal, resultante de e explicada por frustrações e perdas, por ser um sentimento de desânimo devastador, debilitante e duradouro, capaz de interferir na vida das pessoas, prejudicado-as nas relações familiares, no trabalho e nas relações sociais. Normalmente, todas as pessoas passam, por razões diversas, por sentimentos de tristeza, que geralmente desaparecem com o tempo e sem nenhum tratamento especial. E, mesmo durante esse período em que as pessoas estão tristes, elas são capazes de continuar com as suas atividades cotidianas. Já no caso da depressão, a pessoa acometida terá a sua capacidade de pensar e agir prejudicada e, conseqüentemente, também as suas atividades cotidianas. Além disso, a depressão não desaparecerá facilmente sem tratamento.

Depressão também difere da variação de humor. É completamente normal o humor das pessoas variar de bom (positivo ou para cima) para mal (negativo ou para baixo) e vice-versa de forma reativa à interpretação subjetiva dos acontecimentos da vida real ou vivenciando sua própria subjetividade. Assim, ficamos normalmente mais alegres quando, por exemplo, o nosso time de futebol ganha ou mais triste (deprimido) quando ele perde. A mesma variação emocional pode ocorrer quando recordamos lembranças agradáveis ou desagradáveis.  Entretanto, com aquele que está clinicamente deprimido não há variação de humor, pois esse indivíduo não reage aos fatos reais e subjetivos da vida; ao contrario, ele se encontra fixado na fase de humor deprimido. Além disso, o transtorno da depressão pode esvaziar a autoconfiança, destruir o poder de decisão do indivíduo e desequilibrar seu sono, tornando-o irritável e mal humorado; e pode, ainda, incapacitá-lo de sentir prazer em viver.

Sendo assim, a depressão pode ser um estado normal ou patológico. A depressão normal, que todos têm um dia na vida, é uma tristeza grande causada por uma perda (de um ente querido, de trabalho), ou por uma grande frustração que pode ter como causa uma vasta gama de fatores. A depressão passa a ser patológica quando ela se estende por muito tempo ou é profunda demais, a ponto de paralisar a pessoa, e ela se torna um transtorno mental quando o individuo não consegue superá-la, experimentando prejuízos em muitas áreas da sua vida.

A depressão, muitas vezes, pode surgir de forma mascarada e pode tirar a energia da pessoa disfarçadamente. É o caso, por exemplo, de muitas mulheres que apresentam dor de cabeça crônica como uma máscara da depressão. Inclusive a distimia, que é a depressão leve, mas crônica, pode fazer o sujeito parecer apenas uma pessoa muito crítica e mal humorada ou com sentimento de culpa.

Alguns estudiosos entendem que sintomas de dor e mal-estar são avisos de alerta do próprio corpo. É a forma que o organismo tem de comunicar a existência de um problema que requer atenção e cuidados. Nesse sentido, os sintomas são os meios que o organismo encontrou para sinalizar um mau funcionamento e alterar uma dinâmica que agravaria ainda mais o quadro. Assim, a depressão é a dor, ou o sintoma, de uma “doença”, um sinal do organismo para parar. É preciso, então, parar e descansar para que o organismo restaure a saúde. Dessa forma, os sintomas da depressão podem ser entendidos como um aviso de alerta para si mesmo dizendo: pare, descanse, comece uma vida nova. Atenção: qualquer pessoa, quando não se ama, ou quando trabalha mais que sua capacidade, ou se desgasta para tentar ser perfeito, pode entrar em depressão.

Rodrigo Rezende